Como amante de música, não posso me furtar a falar de Michael Jackson. Comecei a me interessar por música no início da década de 80 e no início tudo era pop. Eu tinha poucos discos e ouvia muito rádio, e Michael estava sempre presente nas rádios.
Penso no início da minha adolescência e não há como não vir a imagem dos video clips do álbum Thriller. Era um coisa diferente, ninguém fazia igual, e muitos tentaram depois dele. Lembro de Billy Jean tocando nas festinhas e nós tentando dançar com os pés escorregando para trás.
Era uma criatividade e um capacidade incrível de fazer música que encantava a todos. Acho que apenas Madonna rivalizava com ele.
Que sua alma descanse em paz.
O blog do Marcelo Cerveira. Aqui você lê sobre música, livros e sobre a vida aos 40 anos.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
domingo, 8 de março de 2009
Uma segunda-feira qualquer
São 07:00 horas da manhã, eu desço do ônibus na avenida Presidente Vargas, esquina com Uruguaiana. Vários mendigos ainda dormem na calçada imunda da Presidente Vargas. As pessoas passam e parecem não notar, não fosse pelo incômodo cheiro de urina. Apertam o passo, prendem a respiração, atravessam a avenida. Há um homem que me chama a atenção, parado, imóvel, no canteiro central da avenida. O olhar vazio, as mãos às costas, não emite uma só palavra. quase todos os dias ele está por ali, com aquela mesma pose. Qual será o seu nome? Qual será sua história? Tento não pensar nessas coisas e sigo em frente.
Continuo o meu caminho e vou driblando os entregadores de papel. Pessoas se aglomeram em frente a uma banca de jornal. Há notícias sobre futebol e mulheres seminuas nas capas dos jornais. Na esquina da Miguel Couto, mais mendigos. Parece ser uma família, os menores correm para o bar em frente e pedem comida. O dono dobas manda que fiquem do lado de fora. As pessoas respondem algo, sem nem olhar para elas, apressam-se em terminar a comida e seguem seus caminhos.
Detenho-me por uns instantes e observo a mãe com o mais novo, ele parece ter menos de 2 oanos. Ela tira-lhe a fralda e deixa-o nu. Pega uma garrafa com água e lava-o precariamente, faz frio e ele chora. Ela grita com ele e veste-o a mesma fralda com que o pequenino dormira. Ela levanta e segue para o bar. Eu abaixo a cabeça e sigo em frente. Chego a lanchonete e compro pães de queijo e mate.
Enquanto o computador carrega o windows eu como meu lanche a agradeço a Deus pelo que eu tenho. Penso naquele cara no meio da avenida. Obviamente sofre de alguma doença mental, como chegou a tal nível de degradação? Penso na hipótese que acho mais factível: abandonado pela família, qual um cão doente que não se quer mais, ou um sofá quebrado que não tem mais utilidade.
A faltar um quarto de hora para o meio-dia eu saio para o almoço. Ao chegar na rua da Alfândega vejo o senhor que está sempre por ali sentado a pedir esmolas com seu cabelo rastafari, e suas roupas sujas. Ninguém lhe ouve, ninguém lhe vê, ninguém lhe olha nos olhos. Desviam dele e do seu cheiro, como se ali estivesse um monte de merda. Ele me dirige a palavra e me pede alguns trocados, digo que não tenho, ou algo parecido e sigo em frente. Mais adiante, outra figura conhecida na região, um mendigo grandalhão que, apesar do frio, está sem camisa. Ele está parado, de braços cruzados falando incompreensível com algum amigo imaginário.
Penso nos Paralamas: "A cidade apresenta suas armas, meninos nos sinais, mendigos pelos cantos e o espanto está nos olhos de quem vê o grande monstro a se criar".
Um rapaz passa correndo e logo atrás uma senhorinha de salto alto e minisaia tenta correr pela rua a gritar "pega ladrão". Quando retorno do almoço vejo o rapaz ladeado por dois guardas municipais grandalhões e a senhorinha logo atrás.
Às 17:00h em ponto eu vou para o ponto de ônibus. Atravesso a Presidente Vargas e cruzo a fila de pessoas na espera de uma van pirata. O rapaz, que deve ser o "despachante", berra os nomes dos bairros tentando arrebanhar mais alguns passageiros. Eu entro no ônibus, fecho os olhos e tento cochilar, penso em Lô Borges (ou seria Beto Guedes?): "...e lá se vai mais um dia...".
Aconteceu em uma segunda-feira, mas poderia ter sido na terça, ou na quarta, ou...
Continuo o meu caminho e vou driblando os entregadores de papel. Pessoas se aglomeram em frente a uma banca de jornal. Há notícias sobre futebol e mulheres seminuas nas capas dos jornais. Na esquina da Miguel Couto, mais mendigos. Parece ser uma família, os menores correm para o bar em frente e pedem comida. O dono dobas manda que fiquem do lado de fora. As pessoas respondem algo, sem nem olhar para elas, apressam-se em terminar a comida e seguem seus caminhos.
Detenho-me por uns instantes e observo a mãe com o mais novo, ele parece ter menos de 2 oanos. Ela tira-lhe a fralda e deixa-o nu. Pega uma garrafa com água e lava-o precariamente, faz frio e ele chora. Ela grita com ele e veste-o a mesma fralda com que o pequenino dormira. Ela levanta e segue para o bar. Eu abaixo a cabeça e sigo em frente. Chego a lanchonete e compro pães de queijo e mate.
Enquanto o computador carrega o windows eu como meu lanche a agradeço a Deus pelo que eu tenho. Penso naquele cara no meio da avenida. Obviamente sofre de alguma doença mental, como chegou a tal nível de degradação? Penso na hipótese que acho mais factível: abandonado pela família, qual um cão doente que não se quer mais, ou um sofá quebrado que não tem mais utilidade.
A faltar um quarto de hora para o meio-dia eu saio para o almoço. Ao chegar na rua da Alfândega vejo o senhor que está sempre por ali sentado a pedir esmolas com seu cabelo rastafari, e suas roupas sujas. Ninguém lhe ouve, ninguém lhe vê, ninguém lhe olha nos olhos. Desviam dele e do seu cheiro, como se ali estivesse um monte de merda. Ele me dirige a palavra e me pede alguns trocados, digo que não tenho, ou algo parecido e sigo em frente. Mais adiante, outra figura conhecida na região, um mendigo grandalhão que, apesar do frio, está sem camisa. Ele está parado, de braços cruzados falando incompreensível com algum amigo imaginário.
Penso nos Paralamas: "A cidade apresenta suas armas, meninos nos sinais, mendigos pelos cantos e o espanto está nos olhos de quem vê o grande monstro a se criar".
Um rapaz passa correndo e logo atrás uma senhorinha de salto alto e minisaia tenta correr pela rua a gritar "pega ladrão". Quando retorno do almoço vejo o rapaz ladeado por dois guardas municipais grandalhões e a senhorinha logo atrás.
Às 17:00h em ponto eu vou para o ponto de ônibus. Atravesso a Presidente Vargas e cruzo a fila de pessoas na espera de uma van pirata. O rapaz, que deve ser o "despachante", berra os nomes dos bairros tentando arrebanhar mais alguns passageiros. Eu entro no ônibus, fecho os olhos e tento cochilar, penso em Lô Borges (ou seria Beto Guedes?): "...e lá se vai mais um dia...".
Aconteceu em uma segunda-feira, mas poderia ter sido na terça, ou na quarta, ou...
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Faz um calor infernal. Meus vizinhos se divertem à piscina ao som de uma trilha sonora que vai de rock anos 80 à Maná. O Porto joga com o Benfica na TV e eu aproveito o intervalo para escrever um pouco. Escuto Xutos e Pontapés no fone. O rock em português soa meio estranho, mas estou me acostumando.
O jornal lido está dobrado e meio amassado no porta revistas. Revistas velhas acumulam-se na estante. Um dia vou jogá-las fora. Passo a mão pelo rosto e lembro que ainda tenho que fazer a barba. O joelho não dói e isso é bom.
A autobiografia do Andy Summers está a minha frente sobre a escrivaniha do escritório. Estou gostando. Há algo de comum nas biografias de músicos que li. Autodidatas começaram sua paixão pelo instrumento que escolheram e pela música no início da adolescência. Ganharam um violão de alguém e foram autodidatas. Lembro da minha gaita na gaveta ao meu lado. Preciso voltar a tocar.
Minha filha entra no escritório e me dá um beijo. Ela já tem um tecladinho, penso em colocá-la na aula de música, mas talvez ainda seja cedo, ou não. Ela não parece se interessar muito.
Acho que o jogo já recomeçou. Daqui a pouco acabará o domingo e lá se vai meu pequeno período de férias semanais. Quem sabe eu ganho na Mega Sena.
"E lá se vai mais um dia..."
Beto Guedes
O jornal lido está dobrado e meio amassado no porta revistas. Revistas velhas acumulam-se na estante. Um dia vou jogá-las fora. Passo a mão pelo rosto e lembro que ainda tenho que fazer a barba. O joelho não dói e isso é bom.
A autobiografia do Andy Summers está a minha frente sobre a escrivaniha do escritório. Estou gostando. Há algo de comum nas biografias de músicos que li. Autodidatas começaram sua paixão pelo instrumento que escolheram e pela música no início da adolescência. Ganharam um violão de alguém e foram autodidatas. Lembro da minha gaita na gaveta ao meu lado. Preciso voltar a tocar.
Minha filha entra no escritório e me dá um beijo. Ela já tem um tecladinho, penso em colocá-la na aula de música, mas talvez ainda seja cedo, ou não. Ela não parece se interessar muito.
Acho que o jogo já recomeçou. Daqui a pouco acabará o domingo e lá se vai meu pequeno período de férias semanais. Quem sabe eu ganho na Mega Sena.
"E lá se vai mais um dia..."
Beto Guedes
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Então é Natal...
Uma certa melancolia natalina toma conta de mim nessa época do ano. Tendo a ouvir músicas mais introspectivas, mais Morrissey, mais fado. Alguns acontecimentos recentes deixaram-me um pouco mais triste. A morte de alguns parentes, uma mãe irresponsável, uma lesão no joelho...
Mas assim como o Natal se vai, também vai a melancolia e depois do Ano Novo.
"Many rivers to cross
But I can't seem to find
My way over"
Jimmy Cliff
Mas assim como o Natal se vai, também vai a melancolia e depois do Ano Novo.
"Many rivers to cross
But I can't seem to find
My way over"
Jimmy Cliff
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
O Dia da Música
No último sábado foi comemorado o dia da música. A música é a forma de arte com a qual tenho mais contato. Ela esteve presente em vários momentos da minha vida e me acompanha quase que diariamente. Não sei viver sem música e esteja alegre, esteja triste, ouço música.
Comecei com as cantigas de roda, que em minha família cantávamos quando era pequeno. Depois por um curto período não dei muita bola para música, mas lá pelos 11 anos comecei a me ligar novamente. Nessa época ouvia música pop e pop rock. Lembro que o primeiro disco de rock que comprei, foi uma coletânea chamada Flipper Hits. Lá estavam Survivor, Asia, The Gogo's, depois comecei a ouvir Madonna e Kiss.
Nessa mesma época fui atingido pelo BRock. E veio o New Wave. E o movimento Dark. E o The Police. Minha adolescência foi marcada por música e a cada vez que ouço Ska, Message in a Bottle, Charlotte Sometimes e outras músicas da década de 80, as imagens voltam a minha frente.
Ouço música triste. Já fui repreendido por isso: "O Marcelo só ouve música de cemitério". O que há com as pessoas que não conseguem ver beleza também na coisas tristes. Recentemente descobri o fado e a beleza triste da voz de Amália ou de Mariza me conquistaram. E Portugal está marcado em mim através de sua música.
Ouço música alegre. Já fui reprendido por isso: "O Marcelo só ouve música de maluco". Na explosão de som e fúria do Punk e do Grunge eu pulei, gritei e expulsei meus demônios. Nada melhor que um bom show de rock para tirar o estresse.
É com alegria que vejo como o Rio voltou a fazer parte do circuito de shows internacionais. Este ano vieram Madonna, Elton John, Diana Krall, Interpol, Muse e outros que não me lembro. Parece o início da década de 90. Espero que continue assim, para o bem dos amantes da música.
"Há uma música do povo
Nem sei dizer se é um fado
Que ouvindo a um ritmo novo
Um ser que tenho guardado."
Mariza
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Amor Platônico
Pensei que aos 37 anos de idade não fosse mais me apaixonar. Para mim isso era coisa de adolescente. Ledo engano. Apaixonei-me por Portugal.
Passados 2 meses de minha viagem a Portugal ainda tenho vivas na memória as imagens que vi por lá. Quero voltar assim que possível. E se pudesse voltaria todo ano para lá. Achei meu Maricá. É para lá que eu quero ir em todas as minhas férias. É lá que quero morar quando me aposentar, ou quando ganhar na loteria. O que acontecer primeiro.
A música de Mariza e Ana Moura me enchem de saudades do Parreirinha da Alfama e de Vila Nova de Cerveira. Espere por mim Portugal, eu volto em breve.
Passados 2 meses de minha viagem a Portugal ainda tenho vivas na memória as imagens que vi por lá. Quero voltar assim que possível. E se pudesse voltaria todo ano para lá. Achei meu Maricá. É para lá que eu quero ir em todas as minhas férias. É lá que quero morar quando me aposentar, ou quando ganhar na loteria. O que acontecer primeiro.
A música de Mariza e Ana Moura me enchem de saudades do Parreirinha da Alfama e de Vila Nova de Cerveira. Espere por mim Portugal, eu volto em breve.
domingo, 24 de agosto de 2008
Vila Nova de Cerveira - Eu Fui!!!
Chegar em Portugal foi uma grande conquista. Foi como me formar na faculdade ou terminar o mestrado. A terra dos meu avós é linda, e agora também a considero minha terra. Portugal me conquistou ao primeiro encontro. Se não pela vista do Porto as margens do rio Douro, ou pela voz de Mariza, nova musa do fado, talvez pelo casario da Alfama em Lisboa e pela singela beleza de Vila Nova de Cerveira, as margens do rio Minho.
Quando cheguei em Cerveira a cidade estava em festa, com as ruas enfeitadas e banda de música tocando. Foi lá que comi o primeiro bacalhau em Portugal. No alto de um monte, uma grande estátua de um cervo, o símbolo da cidade, vigia a todos. Saí de lá bastante emocionado e com a certeza de dizer um até breve.
Em Portugal os motoristas respeitam o sinal vermelho e param para o pedestre atravessar a rua. As ruas são limpas e as praças são lindas com jardins floridos. Os monumentos estão bem cuidados e a comida é maravilhosa.
Quando cheguei em Cerveira a cidade estava em festa, com as ruas enfeitadas e banda de música tocando. Foi lá que comi o primeiro bacalhau em Portugal. No alto de um monte, uma grande estátua de um cervo, o símbolo da cidade, vigia a todos. Saí de lá bastante emocionado e com a certeza de dizer um até breve.
Em Portugal os motoristas respeitam o sinal vermelho e param para o pedestre atravessar a rua. As ruas são limpas e as praças são lindas com jardins floridos. Os monumentos estão bem cuidados e a comida é maravilhosa.

O show faz parte da turnê do álbum Transparente, gravado no Brasil e produzido por Jacques Morelembaum. Mariza é acompanhada por uma orquestra de cordas e pelo próprio Jacques no violoncelo. Ela canta com tal intensidade que é difícil não se emocionar. Destaque para Montra, Há uma Música do Povo e a lacrimejante Ó Gente da Minha Terra. Esta última fecha o disco em grande estilo. Mariza tem uma voz linda e afinadíssima que dá ao fado a medida certa de dramaticidade.
"Ó gente da minha terraSó agora eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi"
Assinar:
Postagens (Atom)